...Pior que uma mulher que fala o que pensa, é uma mulher que escreve... (Tati Bernardi)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O meu pirmeiro amor...

 


Quando agente entra na adolescência, o mundo parece girar de ponta cabeça... Nós garotas que até outro dia só nos interessávamos pela ultima boneca, roupa ou musica da moda, passamos a observar os mais velhos... Os beijos entre os apaixonados nas novelas... e não rola desejo, o que rola é uma curiosidade, normal, natural e espontânea da idade e da fase pela qual estamos passando.
         Quando nos damos conta, nos deparamos com aquele garoto novato na escola, aquele que agente não sabe o porquê, mais que não para de lembrar dele, que procuramos a nossa melhor roupa pra ir à escola, que nos preocupamos em arrumar o cabelo e passar um gloss, é ele... ele é aquele garoto que as nossas amigas ficam dizendo: “eu sei que você gosta dele”, “olha o jeito que você fica”, e agente sabe que é ele, mais não admitimos... Porque será? MEDO? VERGONHA? TIMIDEZ? Ou será só o fato de estarmos sentindo aquilo pela primeira vez... Aquela euforia, a sensação de que existem borboletinhas saltitantes em nosso estomago, aquele frio na barriga quando ele esta por perto... essas sensações são maravilhosas de se sentir... é quando a menina começa a se descobrir como mulher e resolve trocar a boneca pela maquiagem...
         Quando agente vive o primeiro amor... ele é lindo perfeito, e agente quer que dure pra sempre, mais raramente é assim... Mais na maioria das vezes guardamos as memorias mais bonitas para o resto de nossas vidas...
         O meu primeiro amor foi muito bonito, tenho lindas lembranças (meus pais que não gostaram muito), lembranças estas que guardarei comigo, historias, que contarei as minhas filhas e netas, quando elas estiverem vivenciando o seu primeiro amor... A historia vai ser mais ou menos assim...
         Eu tinha cerca de 13 anos de idade e era véspera de ano novo, e conheci um garoto, da minha idade, uma amiga nos apresentou... Ele estava passando as férias na casa do avô dele, morava em outra cidade que ficava a umas duas horas e meia da cidade em que  eu morava, eu nunca o tinha visto antes... Mais desde aquele dia, que o vi pela primeira vez, eu não pude deixar de reparar naquele garoto, embora nem eu soubesse ao certo o que estava se passando comigo... não entendia o porque eu me ia até a calçada pra vê-lo, e quando ele me olhava, eu fugia, e corria pra dentro de casa, e me sentia tão bem e feliz com aquilo. Eu Não tive coragem de me aproximar, ele também não, e agente passou dias, se olhando, se escondendo... Até que ele foi embora, voltou pra casa... e agora?? o que eu faria? Eu não sabia nada dele, a não ser o seu nome, o que eu poderia fazer, o que me restava era lembrar dele e sonhar  q ele voltasse um dia. Eu escrevia sempre seu nome junto ao meu, afinal era o que havia me restado dele, o nome e uma lembrança.
Passaram-se quase 3 anos, e eu estava na porta da minha casa conversando com umas amigas, era véspera de natal, e de repente eu o vi, sentado no banco da praça em frente a minha casa, ele me olhou, sorriu, acenou com a mão... e eu??? Bom eu corri pra dentro de casa assustada, pensando: “ será que é ele mesmo?”,” e agora, o que eu vou fazer?” “como eu vou sair, se ele esta ali ainda?” eu estava tão feliz e tão confusa... eu queria correr até ele e perguntar: “tudo bem?”, “que bom que você voltou” e finalmente dizer: “senti sua falta”, mais eu não tinha coragem e ele também era extremante tímido...
Chegou a noite, uma amiga me procurou e me pediu ajuda, disse que estava gostando de um garoto, e queria que eu a ajudasse, e eu aceitei ajudar, e só ai descobri que era dele que ela falava, do garoto por quem a quase três anos não me saia do pensamento, mais eu tinha dito que ajudaria, e pensei: “ele nem deve lembrar de mim”... Eu era a encarregada de falar pro garoto que eu gostava, que a minha amiga estava “afim” dele... Que complicado... Como ela o conhecia melhor que eu, saímos todos juntos numa turma de amigos, onde estava eu, ela, o meu irmão, ele, o irmão dele e mais duas amigas, íamos a uma festa, só que antes disso, ficamos andando pelas ruas, falando com outros amigos, todos juntos, até que ela me pressionou a ir falar com ele, ir dizer que ela queria namora-lo, e eu, respirei fundo e fui, o chamei de lado, e disse, olha a XXXX gosta de você e quer saber se você gosta dela, ele me olhou diferente da forma que vinha me olhando, e me disse NÃO, que já gostava de outra menina, e que gostava dessa menina a muito tempo, mesmo sabendo que ela não gosta dele. Eu sai dali feliz e triste, feliz porque não seria a minha amiga a garota que ele gostava e triste porque, não era eu...  Falei pra minha amiga a reação e resposta dele, ela foi embora com raiva, e eu continuei lá entre os outros... depois de um tempo e de muito andar pra lá e pra cá... ele segurou em um dedo da minha mão, e aos poucos foi pegando, dedo por dedo, até estarmos de mãos dadas... e andamos de mãos dadas sem trocar uma palavra, eu não tinha coragem sequer de olha-lo, estava tão nervosa... eu não estava entendendo o porque que ele segurava a minha mão e não falava nada... até que ele me olhou e disse: “ VOCÊ, É VOCÊ A MENINA QUE EU GOSTO, DESDE A OUTRA VEZ QUE ESTIVE AQUI, É VOCÊ QUE EU QUERO QUE SEJA MINHA NAMORADA”, e ele me beijou, aquele beijo parecia que não ia acabar... e eu aceitei ser a namorada dele... Como eu nunca tinha namorado, e havia proibição expressa dos meus pais, que eu só poderia namorar com 15 anos, no outro dia estávamos falando sobre como eu contaria aos meus pais, até minha mãe passar pela praça e  me ver sentada ao lado dele, eu gelei, mais pensei, se não for agora, não é mais... e chamei a minha mãe... com o coração quase saindo pela boca, nem sei como consegui pronunciar essa palavras, mais disse: “ mãe esse é o XXXX e agente esta namorando” ela me olhou com uma cara de que nunca me esquecerei... e disse: “ é, eu sabiaaaa”,  e saiu, e eu tratei de ir pra casa... e ouvi quando ela contou a meu pai, eu estava tão nervosa, meu pai estava enchendo minha mãe de perguntas, as quais ela não sabia responder, porque ela não o conhecia, só sabia onde ele morava e que ele estava na casa do avó passando férias... No outro dia todos estavam diferente comigo, e meu irmão aproveitava pra me zoar...
Mas já era oficial, o meu primeiro namorado oficial era o meu primeiro amor de adolescência... como morávamos longe... só nos restava telefones e cartas, ainda não era evidente essa febre de msn, Orkut e e-mails... e ele me escrevia coisas lindas, me escreveu uma carta que tinha metros... nunca vou esquecer as palavras do fim  das cartas, pois em todas ele escrevia: “quando uma leve brisa tocar seu rosto, não se apavore, pois é apenas a minha saudade que te beija em silencio”... Nunca me esquecerei desta frase!
Mais a distancia e pessoas invejosas atrapalham, ainda mais quando se é adolescente, e não se pensa bem antes de agir... e eu terminei o nosso namoro por uma intriga que criaram...
Depois disso eu já vivi outros amores, tão lindos quanto este, outros nem tão lindos assim, porém, vivo um atualmente um amor que tem me feito a mulher mais feliz do mundo... mais o  primeiro amor agente nunca esquece, ainda mais se for um amor platônico assim como foi o nosso...
Se eu pudesse desejar algo, é que as meninas de hoje, vivessem um primeiro amor como o meu... foi lindo pra mim... Três anos de espera que valeram cada minuto, nunca vou esquecer a nossa musica, a musica que ele cantava pra mim quando eu ficava chateada, quando estava com saudade, tínhamos um repertorio só nosso e até hoje, ouvir qualquer uma daquelas musicas me faz imediatamente lembrar dele com nostalgia da inocência em que vivi o meu primeiro amor. Cada minuto ao lado dele foi único  lindo e eternizado em minha memoria e em meu coração.
Hoje, ele, que foi o meu primeiro amor, primeiro namorado oficial, não esta mais neste mundo, e eu desejo que de lá de onde ele esteja, ele esteja em paz e eu sempre guardarei a frase: “quando uma leve brisa tocar seu rosto, não se apavore, pois é apenas a minha saudade que te beija em silencio”.