...Pior que uma mulher que fala o que pensa, é uma mulher que escreve... (Tati Bernardi)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A garota que talvez você não conheça mais que deveria...

Ela sempre foi uma criança tímida, voltada pra dentro e pouco simpática.
Aos 12 era bem solitária, hoje não mudou muita coisa, ela fica sozinha mesmo rodeada de gente... Ela gosta!
Aos 13 ela tinha um coelho branco de olhos vermelhos como bichos de estimação. O coelho fugiu ou o devoraram - não se sabe ao certo.
Não teve muitas bonecas, mais ela gostava da Barbie e de fazer roupinhas pra ela, também sempre gostou de bancar a própria estilista e desenhar as próprias roupas na adolescência, hoje ela acha menos trabalhoso comprar pronto, mais não mais divertido.
Sempre se apaixonou facilmente por quem faz bom uso das palavras e passava horas escrevendo.
Ela desejava se tornar escritora ou professora, depois alguma coisa ligada à justiça, só queria estudar muito, ela gosta!
Ela continua estudando muito e ainda não tem certeza do seu futuro profissional e parece que ela prefere assim.
Ela tem dificuldade em conceder o perdão e sempre se pergunta se você conseguiu se perdoar. Conseguiu?
Ela foi uma adolescente tranquila, com poucos amigos e quase nenhuma rebeldia.
Aos 19 ela fugiu daquela cidade pra morar na cidade que o céu é cinza graças à poluição, mais mesmo não sendo tão azul como o da cidade de onde veio ela aprendeu a gostar, lá onde faz frio e chove com muita frequência.
Ela gosta da cidade plana e ampla, do verde em excesso, das pessoas caladas, de desfrutar das quatro estações do ano, do céu azul no inverno e cinza no verão. Mas possui uma admirável capacidade de adaptação, tudo bem também se não tiver tanto verde, e muitos prédios e mesmo que não seja tão plano e ainda se as estações do ano confundirem a cabeça dela e o verão parecer primavera, o inverno se torna verão e outras vezes o verão que parece inverno, ainda em meio a esta confusão de estações ela se adapta e aprende e cresce!
Ela tem alergia ao calor excessivo, mas continua orgulhosa de suas origens e nutre um amor renovável por sua terra. Os dias de tempestade em que ela juntava a cama dela com a da irmã e ficava ali abraçada com ela porque ela era a irmã mais velha e mesmo tendo tanto medo quanto sua irmãzinha ela sempre dizia que não era nada que já ia passar e não era preciso ter medo, é das coisas que ela mais sente saudades na vida.
É meio durona e se diz bem resolvida, mas sempre chora vendo “drama” porque isso faz latejar a falta excruciante que ela sente dos pais, da família, e de sua irmã. E a falta desta última, faz com que ela não consiga pensar nela sem se despedaçar em lágrimas inconsoláveis, de tamanha saudade e dor por não tê-la mãos ao seu lado.
Ela tem o olhar pensativo e analítico, cara amarrada, sarcasmo, orgulho certa desconfiança daquilo que vem fácil e todos consideram que estes traços são provas incontestes dos laços entre ela e a mãe.
Ela tem medo do tédio, de ratos, da miséria, da injustiça e continua com medo de tempestades.
E você tem medo de que?
Ela sempre foi precoce, exigente consigo mesma, responsável, leal e dedicada às causas às quais abraça.
É meio impaciente e às vezes mal humorada quando acorda, não tem muito jeito com pessoas inflexíveis e melosas e tem dificuldade de conviver com a teimosia, apesar de ser a pessoa mais teimosa que ela conhece.
 Desequilibrou-se um pouco aos 19 por estar cansada de fazer tudo certinho e hoje faz 24, assustada com a velocidade do tempo. Ela escreve uns versinhos, desenha uns rabisquinhos, estuda direitinho e tem muitos planos guardados na gaveta do seu criado-falante.
Ainda não pensa em nomes para os filhos, apenas sabe que os quer ter, um dia...
É caseira, gosta de sair de casa pra dançar, ou pra namorar no banco da praça, é bem daquele jeito de antigamente. Gosta de solos de saxofone, nozes, doce de leite, longas conversas, amigos e liberdade.
Mata o tempo falando com a família, amigos, seu amor. Gostaria de ter menos necessidade de sono pra passar mais horas na companhia deles e pra ver mais filmes.
Na maior parte dos seus dias, ela se sente feliz, tão somente por ser a autora da sua própria história.
Então, acho que ela é boa gente, não se preocupe.
Aliás, você já se preocupou com ela?